Vinicius Cardoso Boff

Vinicius Cardoso Boff

13/09/1987

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13/07/2021

Eram cinco da manhã, uma festa de formatura estava chegando ao fim e, na ida para casa, alguém propôs: “Vamos beber dentro do chafariz da UCS?” A ideia era apenas molhar os pés na água, o que todos do grupo fizeram. Menos Vinicius, que disse algo como “Eu não vou só botar os pés. Se for para entrar no chafariz, eu vou ENTRAR NO CHAFARIZ.”

A decisão rendeu uma história memorável, ilustrada por fotos feitas em máquina digital, popular no ano 2011, que mostravam Vinicius encharcado, sem o casaco do paletó, de camisa e gravata, com um guarda-chuva vermelho. Dentro do chafariz da Universidade de Caxias do Sul, RS. 

Vinicius Cardoso Boff tinha essa intensidade como sua marca de nascença. Ela podia ser uma qualidade e um defeito, dependendo da situação — ou até as duas coisas ao mesmo tempo. De qualquer forma, era sempre entretenimento de qualidade para quem estava junto. Ele não fazia nada em moderação: quando trabalhava, trabalhava muito. Quando estudava, estudava muito. E quando fazia festa, também não sabia pegar leve.

Com essa presença marcante, era muito requisitado em diferentes encontros de amigos e família. E nesses locais, ele ocupava todo o espaço. Não no sentido de que queria todas as atenções para si, mas porque as atenções iam, naturalmente, para ele, onde quer que ele estivesse. 

Vinicius era um agregador de pessoas e mantinha amigos de diferentes grupos, mas fazia questão de ter contato com eles apenas presencialmente. Não tinha redes sociais e as achava uma perda de tempo útil. Passava essas horas no celular lendo sobre diversos assuntos, o que fazia com que tivesse um repertório de temas infinito — e uma capacidade de responder a qualquer pergunta. Caso não soubesse, bolava uma resposta criativa. 

Apesar de ser intenso, Vinicius era dono de uma paciência admirável. Nada o tirava dos eixos. Quanto mais bizarra a situação externa, inclusive, mais calmo ele ficava internamente. 

Perfeccionista em tudo o que fazia, se decidisse pintar uma parede, por exemplo, demoraria horas, a ponto até de irritar quem estava junto, mas sabia que pintaria a parede da melhor forma possível. Fez quatro trabalhos de conclusão de curso, dois para cada uma de suas faculdades, Automação/Tecnólogo e Engenharia de Automação. Quando se formou na última, quis emendar uma pós-graduação. A família implorou para que desse uma pausa. Vinicius se desafiava, seja nos cálculos ou na musculação. A motivação e a vontade de se superar vinham de dentro. 

Mas era no campo, na casa da família em Cambará do Sul, RS, onde ele se transformava. Na tranquilidade das terras dos cânions, ele relaxava, se acalmava. Sentia-se em casa. 

Vinicius teve pouco tempo por aqui mas é como se tivesse realizado tudo o que queria. Nada foi feito pela metade. Tudo foi pautado pelas duas frases que ele mais falava: “Só alegria". “Que maravilha”. A forma como encarava a vida sempre deixou tudo mais leve. E é assim que, quem fica, se lembra dele: leve.

 

Texto: Valquíria Vita, Legado Histórias de Vida 

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