Domingos Gedoz
26/12/1937
-08/08/2021
Depois de 33 anos de trabalho duro na Metalúrgica Eberle, Domingos Gedoz fez o que queria: descansou muito. Na aposentadoria, viveu a vida que muitos sonhavam: dormia até a hora que tinha vontade, tomava o café da manhã feito pela esposa e se sentava no sol para admirar seus terrenos.
Almoçava pontualmente ao meio-dia (arroz e feijão, “manjar dos deuses”, como ele dizia) e descansava até a hora do bar (“cassino”, como chamava), onde jogava cartas e bebia com os amigos do bairro. Todos o conheciam na rua, afinal, ele fazia aquele trajeto entre a casa e o bar, apoiado por sua bengalinha, diversas vezes ao dia. Tanto que no dia de seu falecimento, o Bar do Pingo, no Panazzolo, Caxias do Sul, RS, fechou as portas, de luto.
Domingos, apesar de ter tido bons anos de aposentadoria, nem sempre teve uma vida mansa assim. A infância no interior de Carlos Barbosa, RS, foi particularmente desafiadora… E ele nunca gostou muito de falar sobre esse tempo. Aliás, ele não gostava de falar sobre nada muito pessoal.
Aos 14 anos, ele deixou oficialmente de ser criança para virar funcionário da maior metalúrgica de Caxias do Sul. E a rotina, a partir daí, foi de trabalho, esforço e sacrifício.
Mas essa história também teve capítulos de amor. Em uma partida de futebol, Domingos conheceu uma moça de Flores da Cunha e se apaixonou. Com Luci Basso, viveu a maior aventura de sua vida: teve seis filhos, um atrás do outro. E depois, seis netos.
Em todos eles, fica a lembrança de um pai e avô que os amava muito e demonstrava isso de seu jeito peculiar — talvez não o mais carinhoso de todos, mas sempre muito verdadeiro.
Domingos era conhecido por ser muito sincero e por fazer o que desse vontade. Autêntico. Essa é a palavra que o descreve. E há uma famosa história de Natal que ilustra bem essa característica: depois de ter tirado o próprio nome no Amigo Secreto da família, e cansado de ter de refazer a brincadeira por causa disso, Domingos decidiu ficar quieto. Na véspera de Natal, dia de entrega dos presentes, o jogo acabou e só restou ele, que anunciou, sem a menor vergonha, que o seu amigo secreto era “ele mesmo”. E para “ele mesmo”, havia comprado uma garrafa de Johnnie Walker.
Assim era Domingos. Imprevisível. E memorável.
Texto: Valquíria Vita, Legado Histórias de Vida
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Comentários
Jaqueline
Vô Mingo gostava muito de sentar ao sol de manhã e apreciar suas terras e seu quintal! Era tudo p ele!
05/05/2023Maria
Muito querido no bairro Panazzolo!
05/05/2023Evandro pingo
Seu Gedoz jogador de canastra mas muitas vezes reinento mas o pessoal já tinha se acostumado com ele pois tomava uma e outra ia pra casa jantar e dormiu até o próximo dia.
05/05/2023Lela
Esse era o meu pai, o “Mingo”!!!
06/05/2023Fátima Castilhos
Éramos vizinhos e quando passávamos por ali na época das laranjas ele sempre dava pra minha filha!
31/05/2023